SUBÚRBIOS RIBEIRINHOS, por Professor Walterli Lima 

Margens esquecidas onde nada é notícia.

Manhã, monotonia, mazelas.

Ruas, ruelas.

Quebrada escura.

Prato vazio.

Um cachorro vira-latas, um latido.

Um grito, um sufrágio, uma dor.

Pão seco na mesa.

Sorriso sincero disfarçando tristeza.

Tristeza bem posta na face.

Terreiro, quintal, uma prece.

Precoces pecados do nada ter.

Rio entre pedras,

Pedras no morro,

Morro entre casas,

Casas de gente,

Gente que sofre, que sonha, que canta e que ri sem ter onde ir.

Um escuro, uma estrela no céu.

O centro de tudo, recanto do nada.

A criança, o lápis, o papel.

Rio, canoa, anzol.

Voltas do mundo,

monumento esquecido, farol.

Um casebre, um trocado no bolso, um bêbado no botequim.

Uma noite que cai, uma vida que vai, sem dizer adeus.

Subúrbios ribeirinhos, palco dos meus.

Poeta da noite, da vida aprendiz.

Margens do rio onde sou mais feliz.

 

@walterli.lima

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