Estávamos ali, na praça, (onde antigamente nos era proibido por lei), assuntos eram vários, de repente, alguém falou:
–Sou contra os programas de cotas raciais, pois todos devemos ter direitos iguais.
Atentamente ao que ouvia, ia intrigando-me diante da opinião daquele senhor, de cor fechada, não morena, mas não direi negra, cabelos grisalhando aos poucos e também aos poucos a avançar a calvície.
Resolvi participar do embate, argumentando que programas como esses são formas de reconhecimento dos direitos historicamente negados numa sociedade tão desigual como a nossa. E, para isso, resolvi mostrar-lhe alguns fatos históricos remontados a 1830.
— Não e nunca permitiram a reforma agrária, quando o fim da escravidão, o povo que era escravizado foi expulso sem direito a nenhuma posse, pois éramos posse.
— Crimes de capoeiragem, os negros não poderiam praticar seus esportes da sua cultura e raças.
— Crimes de batuque, os negros não poderiam praticar seus ritos de religião cultural, trazidos de sua terra quando sequestrados para trabalhar e produzir riquezas.
— Crimes de vadiagem, o povo negro não poderia permanecer nas praças e ruas e praças das vilas, pois eram acusados de crimes de vadiagem.
Essas e outras atitudes eram executadas no objetivo de o ex escravo não ter trabalho, ou quando muito, trabalhar de favor, por um pedaço de pão.
Meu interlocutor ouve atentamente os argumentos colocados, e depois retruca:
— Não votarei nunca em pobres ou negros, eles pensam que sabem de alguma coisa.
Material enviado ao Blog do Professor Gil