Não pertenço a este meio
Carregado de vazios olho as praças, as ruas, as pessoas
E nada parece fazer parte de mim.
Fatídica triste realidade despida diante dos olhos
Queria eu também poder sorrir dos desalinhos do mundo
Mas não, risos não cabem em olhos que não dormem para o real.
Queria eu poder falar somente de amor
Mas não, o amor é inacessível aos pensamentos clandestinos.
Gritos sussurrados aos ouvidos aonde quer que vá
Máscaras grudadas ao rosto
O isto e o aquilo, o tudo e o nada numa mesma redoma de gladiadores templários.
São muitos eus dentro de mim
E eu, estrangeiro de mim mesmo, vago em pensamentos
Exílio refúgio da alma, a poesia são espelhos ao redor.
Fecho os olhos para seguir andando
Também há felicidade em nada ver
A vida talvez fosse mais feliz se seguissemos todos de olhos fechados
Mas não, o existir exige muito mais que simplesmente existir.
A velocidade dos automóveis sobre as rodas
O animal perambulando na rua no vazio do seu ser
O velho triste na porta da casa de olhar pálido para o infinito de saudades do que não é mais.
A realidade me cai sobre os olhos feito paisagem desconhecida aos olhos do estrangeiro em lugar distante.
Resigno-me em aceitar o deserto existencial das coisas e então resta-me somente o silêncio.
@walterli.lima