O governo do Maranhão teve um erro grave na estratégia de comunicação da concessão de reajuste dos servidores públicos estaduais. Como presente do Dia do Servidor Público, o governador Carlos Brandão anunciou com pompa e festa o reajuste de 11% para os servidores públicos estaduais. De fato, um reajuste muito alto que causou surpresa para quem viu o anúncio. Como o governo, que está em contenção de gastos, com uma situação financeira muito difícil, vai reajustar em 11% os salários dos servidores somente em janeiro em um impacto quase bilionário com essa nova folha de pagamento?
Mas a resposta veio quando o projeto chegou à Assembleia. O reajuste escalonado em quatro aumentos até 2026. Aí sim, fica mais fácil porque você dilui o impacto e a arrecadação vai aumentando permitindo o pagamento.
Os servidores que estavam comemorando e passaram o final de semana fazendo planos como iriam gastar os 11% a mais a partir de janeiro sofreram uma grande frustração e protestaram muito nas redes sociais e até de forma mais organizada no saguão da Assembleia Legislativa. A imprensa começou a ser questionada sobre a veracidade do escalonamento, deputados pressionados para não votar.
Ou seja, um equívoco na estratégia de comunicação tornou uma notícia boa uma grande crise para o governo. Queriam causar um grande impacto informando um reajuste alto de 11% e se tornou uma decepção.
O governador poderia perfeitamente ter anunciado que haveria um reajuste de 5% em 2024, o que já é um reajuste com em função da crise em que o governo se encontra. E depois ele complementaria no informe: “e garanto aos servidores que irei fazer reajuste todos os anos do meu mandato até o final para repor as perdas”. Pronto. Daria a informação de forma clara que seria uma boa notícia e não causaria frustração pra quem estava contando receber 11% em janeiro.
A estratégia foi equivocada e colocou o governo e os deputados estaduais em uma baita saia justa. Acabou tendo um efeito reverso.
E não era difícil prever a reviravolta. O governo Flávio Dino fez o mesmo. Anunciou de forma pomposa um reajuste 9% e escalonou de duas vezes no mesmo ano. Já foi motivo pra muita crítica por parte dos servidores. Ficava fácil saber como seria a reação a um escalonamento de três anos.