COLUNA DO PROFESSOR WALTERLI LIMA: MUSEU DE VELHARIAS DO AMANHà

 

Todas as manhãs quando encontro o espelho vejo em meu rosto o tempo.

A maioria de nós não percebe que está envelhecendo.

Eu não.

Por mais que viva no presente e tenha olhos postos no amanhã, o passado pesa sobre o que sou.

Vivo um museu de gostos e afinidades.

Gosto de músicas antigas e de apreciar fotografias envelhecidas.

Na roda de amigos a maioria são mais velhos que eu.

Temos sempre a ilusão que o mundo era melhor .

É fato que a violência ainda não tinha entranhado nas vísceras sociais, podíamos sentar na calçada até tarde sem o risco de infortúnios.

Sou do tempo em que pai e mãe eram autoridades incontestáveis da família, nem sequer poderíamos atravessar entre a conversa dos adultos.

Lembro da bodega onde íamos comprar cinco bolachas e uma porção de açúcar embrulhado num papel grosso e cinza.

Caminhávamos longas distâncias a pé embalados por conversas distraídas .

Televisão, somente na casa do vizinho com horário e tempo determinado.

O mundo mudou.

O velho poeta que recitava seus versos numa canção foi esquecido.

A bodega de velharias perdeu a razão de existir e até mesmo a tv está sendo sepultada em plena sala de estar.

Os tempos são outros.

O filho fala e a mãe cala sua voz.

Estamos presos dentro do próprio quarto.

Estas breves palavras não tem pretensões de dizer que o mundo mudou para pior.

A mudança é sempre feita em conformidade social de cada instante.

Cada pensamento no seu tempo.

Cada atitude no momento em que for exigida.

As vezes, pergunto-me como será o amanhã.

A resposta reside muito alem do que pensamos prevê.

O mundo é o que cada um faz dele com seus desejos, sonhos e vaidades.

O hoje, estará como certo num museu de velharias do amanhã.

Até o dia em que nada mais fará sentido, em que as coisas não mais preencherão os egos e todos os limites do planeta já haverá de ter sido explorado até o último de seus recursos. Daí a humanidade como súplica do sentido da existência buscará nos museus do passado o sentido real das coisas e da vida e lembrará de um tempo em que se era feliz simplesmente por estar.

 

@walterli.lima

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