Quando o sol ainda dorme e a noite passeia no horizonte
Quando o que se ouve é somente a orquestra dos silêncios
O tic tac do relógio na sala
O coração pulsando calmamente
A mansidão das sobras entregue ao infinito
Sentimentos mais simples me consomem
Cheiro de vida, simplesmente vida
Por instantes, esqueço o caos do mundo lá fora
O quando somos pequenos diante de tudo?
Mais tarde não estarei mais aqui
E quem estará? Não sei
Certamente também será esquecido, descartado feito o lixo abandonado na rua
Mas não é a eternidade que faz a vida valer a pena
É o presente, é o agora gotejando vida vagarosamente
Haa… sapiens homens humanos o que fizestes de ti?
Tú com tuas vaidades
Tú com teu ódio e tua ira
Tú insaciável de viver
Não, não persigo mais as grandezas
Nem quero o peito encendiado pela paixão estopim das revoluções do mundo
Saio lá fora, absorvo a paisagem diária vestida em mim
Eu, intruso neste meio
Vejo o céu já semi-aberto
Os bichos, o verde opaco nas árvores
O vento estacionado na varanda da casa
Perco-me num misto de pensamentos e realidade
A natureza é infinitamente maior do que nós
Sem dar-me conta o sol rasga o céu sem pudor nem vaidades
E a vida volta aos trilhos retilíneos da rotina.
@walterli.lima @ blog do professor Gil