Viver é perigoso pois se pode morrer a qualquer instante.
O mundo está cheio de gente que vem e que vai sem dizer adeus.
É incrível como tudo se acostuma às ausências.
Primeiro a gente se assusta, não quer entender. Depois aceita mesmo sem esquecer.
Mais tarde, os momentos são por vezes lembrados e passam a ser meras memórias.
Com o passar dos anos as memórias são aos poucos apagadas e você viveu como se nunca tivesse existido.
Os amigos fazem novas amizades e riem sem perceber tua ausência.
Os filhos seguem a vida em frente, apaixonam-se, casam-se, procriam e chegam quase esquecer que foram filhos um dia.
Não há saídas.
O universo impiedoso trata de esmagar o que um dia foi sua existência.
Os túmulos exalam solidão, nas ruelas de ossos e pó, cada um está só.
O passado são memórias.
O futuro, um sonho.
Para nós só resta o presente queimando vida pelas narinas.
Ocupar-se de viver ou ocupar-se morrer.
A razão é um fardo de sofrimento.
O cão não sabe sobre a morte, e por não saber a vida lhe é mais leve.
Mais uma criança se foi precocemente, os desígnios são difíceis de compreender.
Nada sei do amanhã.
Troco passos sem nada ver adiante, somente o suficiente para não esbarrar os pés nas calçadas.
As guerras, as religiões, a política, a fome.
São tantas as angústias e ânsias do viver.
Os livros estão repletos de histórias de quem nada mais sabe sobre suas histórias.
Um dia eu e todos ao redor seremos esquecimento, eu sei.
Até lá, que a vida nos ocupe os vazios todos dias.
@walterli.lima, Colunista do Blog do Professor Gil.