DESAPEGO
Há tempos em que é preciso despir-se do passado e esvaziar as gavetas da alma.
Deixar para trás as ideias que já não servem, abandonar os caminhos que sempre levam aos mesmos lugares.
Soltar os nós, abrir as mãos e permitir que o vento leve o que já não pertence.
O que não serve, pesa.
O que já foi, prende.
O que não cabe, sufoca.
Desapego.
É preciso reinventar-se antes que a vida imponha a mudança, cobrando um preço alto demais.
Tenho me feito e refeito todos os dias, como quem abandona a segurança do casulo para descobrir o desconhecido das asas.
Foram tantas certezas desfeitas,
tantas verdades deixadas para trás, que hoje já não fazem nenhum sentido.
E onde estará a verdade de tudo?
E mesmo as verdades não duram para sempre.
Viver talvez seja isso.
Desapego.
Vejo o entardecer, que também é recomeço.
Entrego-me ao cair do sol à minha frente.
E, por um breve instante, é tudo o que tenho.
E tudo o que sou.
Walterli Lima.