QUEM SOU EU? por Filho Santos

Um grito preso à garganta.
Uma voz suprimida, querendo ser dita.
Uma lembrança talvez esquecida.
Um descanso.
Uma música afinada.
Um desespero no abismo.
Uma eterna busca.
Um nome apagado, logo silenciado.

Uma matéria em três dimensões.
Uma gota de água.
Um átomo.
Uma molécula quem sabe.
Um composto aquecendo-se.
Um gesto pouco notável.
Uma foto já quesa penumbrada e esquecida no vale.
Um passo no espaço apenas.

Um acorde bem agudo que me acorde.
Uma opera ainda a se decifrar.
Um ente de tudo que se chama DNA.
DNA que em código se combina pra não se decifrar seus exons muito menos seus introns proteicos.
Uma tríade: corpo, alma e espírito.
ou um pouco de glicose, de bases e talvez fosfato.
Decifra-me algoritmo que mim define. Que me chama. Que me escolhe. Que me busca sem eu saber quem tu és.

Uma pergunta.
Uma reposta inválida pra alguns.
Uma estrada ou atalho.
Uma sombra pra refletir das ilusões, talvez o que mais se explica
Uma correnteza sem ponto seguro.
Uma cachoeira bem voraz.
Uma brisa bem calma.
Um sol pra aquecer.

Uma dor pra não esquecer que sinto.
Uma escrita que em breve se apaga.
Um fantasma agora invisível.
Quem sou eu?

Um pouco de cálculo, em pouco derivada, diferencial apenas
Um pouco de partículas se configurando em energia, frequências e ondas se envolvem se refletindo se vai.
Um código bem secreto.
Uma história escrita, ainda não lida.

Uma voz que ecoa.
Uma sinapses bem aguda.
Um relâmpago bem antes do trovão.
Uma sina.
Um verso bem dito na hora de se ir.
Uma carta decorada querendo ser dita, pronunciada, revelada.
Um mendigo apenas.
Um ser que precisa de outro ser.
Uma parte de outra parte.
Uma curva sinuosa, bem perto do risco.
O ângulo perfeito de se ver.
Quem sou eu?

 

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