Não serão os vírus os responsáveis pela destruição do mundo, parasitas não detém tamanha amplitude para tal feito. O homem dotado de inteligência não sucumbirá diante de seres minúsculos e sem nenhum valor.
Vírus não despertam prazer nem fazem aflorar vaidades.
O dinheiro e a tecnologia são as maiores ameaças para a humanidade.
O primeiro escraviza e desperta o que há de pior em nós.
As guerras, a fome, o apego ao poder, a mentira, a moldura de quanto cada um vale na soma das cifras que possuem.
Haverá um tempo em que o bem, o caráter e as virtudes não mais existirão, apenas o dinheiro como única verdade universal.
A segunda a cada instante torna o mundo menos humano e natural.
O trabalho de centenas de mãos trocado por braços mecanizados.
Amontoam-se as filas dos que caçam o que comer.
As hipnóticas telas luminosas emudecem bocas e línguas.
São milhões a megabytes de distância e ninguém ao redor.
O andar vagaroso das horas atropelado pelos passos apressados da velocidade on line.
A vida e a morte ensaiadas nas vitrines de laboratórios.
A humanidade extinguira-se aos poucos e não pela aniquilação em massa, pelo fogo consumindo as ruas ou por imagens de corpos empilhados pelo chão.
A destruição ocorrerá de dentro para fora.
E quando o íntimo for inteiramente consumido, não mais existir como o eu que me torna humano e racional, e todos os sentimentos estiverem aniquilados, todo o resto perderá a razão de existir.
A humanidade terá sido arrancada de nós sem o barulho dos misseis cortando os céus ou os recônditos vírus contaminado o ar.
Não me diga que estou morto se mente e coração ainda pulsam mesmo que não contramão da carne.