Sou movido por sensibilidades
Mudo com os pingos da chuva
Mudo com a brisa noturna no rosto
Com gente simples trocando passos distraída.
Não me comovo diante dos arranha-céus de concreto
Com o barulho ensurdecedor das ruas
Sou mais o cheiro de mato no fim de tarde
O silêncio das noites caladas.
Não entendo os que sempre tem razão
A hostilidade dos gritos de comando
Enfileirando homens em linhas retas.
Sou mais a banalidade dos bichos, insetos e plantas
Orquestra de grilos e sapos na sombra do mangueiral.
Sou movido por sensibilidades
Por risos e sorrisos sem grandes propósitos
De gente que é feliz simplesmente por estar.
O universo lá fora não me pertence
No meu mundo, nas noites de lua cheia
Tudo é poesia prateada.