Martírio mundo moderno, cárcere privado das conveniências.
Se convém falar, se grita.
Se convém calar, se cala.
No amor, se esbalda, lambuza.
Na indiferença, silencia, ignora.
Qual o preço das palavras?
E dos silêncios?
Eu sou do tamanho dos meus pensamentos.
Convém ao perdão abrir os braços sem antes mesmo abrir o coração.
Ao corpo cansado, convém a cama.
A alma mesquinha nada convém que não seja para si.
Verdades convenientes em meio a mentiras sinceras.
A amargura, convém chorar em silêncio.
A futilidade, a vida de aparências.
Ao desbastado, convém sobreviver a mais um dia.
Ao que quase tudo possui, convém querer sempre mais.
Amizades fúteis, úteis até quando durar.
A porta se fecha se a luz não cai bem.
Se a notícia não agrada basta trocar o canal
Mudar a página do livro, esquecê-lo na cabeceira.
Conveniências.
Se não é espelho, aos olhos convém manterem-se vendados
E na escuridão se idealiza o mundo perfeito para si.