A injustiça deixou a escuridão da caverna
Tirou a venda dos olhos
E de mãos dadas aos malfeitores perambula pelo mundo.
Ninguém mais se indispõe com sua presença.
Na cumplicidade dos gritos calados de indignação
A única voz que se ouve em alto tom é a voz do poder
Estremecendo os ouvidos dos homens e ecoando como única lei.
O quanto é triste o coração que aceita livremente o mal
Talvez na mesma medida dos que o cometem.
A injustiça ao outro não é fardo nos meus ombros
Até o dia que bate minha porta e adentra minha casa sem permissão.
Alimento poucas esperanças na humanidade
Que saciada ao levantar-se da mesa acha ridículo os que de barriga vazia clamam por comida.
A impunidade
O foro privilegiado
A corrupção naturalizada
A legião de analfabetos cegos para as palavras
As palavras usadas para manipular a fé
O caos agressivo dos carros apressados nas avenidas
Os impostos exorbitantes a taxar a vida.
Indignar-se ante as injustiças é um ato de sobrevivência.
Falo
Grito
Mesmo que vãmente
Por não querer ter pedras como travesseiro.
Trechos do livro ” O pensador: Paisagem Poética da Humanidade.