O misterioso da vida é que nunca sabemos quando faremos algo pela última vez:
A última noite de sono
O último café da manhã
O último nó nos sapatos
A última vez a avistar a paisagem
O último por-do-sol
O último piscar de olhos.
A roupa que deixou de vestir e não mais vestirá
O abraço adiado para o amanhã e o amanhã nunca mais virá.
A mobilha imóvel na sombra estendida nos cantos da casa no final do dia parece ter vida.
Quando eu for tristeza e saudade não quero ser dor.
Certezas e incertezas
O que me aguarda na curva seguinte ?
O que cada dia reserva do amanhecer até o apagar das luzes?
Um dia o sol irá nascer pela última vez dentro de mim
E o mundo seguirá em frente mesmo após minha partida
As digitais nas paredes cobertas de tinta
A mobília imóvel na sala de estar não notará minha ausência
E os anos tratarão de esmagar as mais sólidas lembranças
E entre lágrimas e pesar, a última palavra dita será o silêncio no desafogo de uma vida inteira.
Pobres homens mortais, efêmera existência.
Quando eu for tristeza e saudade não quer ser dor .
@walterli.lima
